terça-feira, 29 de abril de 2025

PODER CALA CPI EM PESQUEIRA, MAS OPOSIÇÃO RESISTE E DENUNCIA BLINDAGEM AOS RÉUS DA GESTÃO MUNICIPAL

Na noite desta segunda-feira, 29 de abril, a Câmara de Vereadores de Pesqueira viveu um capítulo marcante da sua história recente, em meio a uma atmosfera de tensão, frustração e mobilização popular. Durante a reunião ordinária, os vereadores Geo Napoleão, Cacique Biá Cabral, Evandro Júnior e Mateus Leite apresentaram requerimento formal para a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com o objetivo de investigar possíveis atos de corrupção cometidos pela gestão do prefeito Cacique Marquinhos. O prefeito já é réu por decisão do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), após denúncia do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), que apontou uma série de irregularidades em sua administração. A iniciativa da oposição veio acompanhada do respaldo popular, que compareceu em peso ao plenário da Casa Legislativa, refletindo o clamor crescente por justiça e transparência.

A CPI seria destinada a apurar detalhadamente os contratos firmados pela prefeitura, a execução dos recursos públicos e as ações do Executivo Municipal que geram suspeitas e indignação. O requerimento apresentado pelos quatro vereadores oposicionistas atendia aos critérios regimentais e legais, e refletia uma movimentação legítima e corajosa diante do cenário de denúncias. Contudo, ao longo da reunião, o que se desenrolou foi uma demonstração dura da resistência do poder diante da fiscalização e do controle institucional.

Em vez de avançar com a CPI, o presidente da Câmara, vereador Guilherme — conhecido como Guila — decidiu não dar seguimento ao requerimento, argumentando que não havia quórum suficiente para a sua abertura e nem elementos comprobatórios robustos para sustentar a investigação. O argumento foi imediatamente rebatido pelos vereadores Evandro Júnior e Mateus Leite, que lembraram que a ausência dos demais vereadores não se tratava de um simples acaso ou desinteresse: tratava-se de parlamentares afastados de suas funções por decisões judiciais e que também figuram como réus nos mesmos processos que envolvem o prefeito.

A ausência desses vereadores, em especial dos que são alvos das investigações e das denúncias do MPPE, foi interpretada como uma estratégia deliberada para evitar que a CPI se consolidasse. Para os vereadores de oposição, o que se viu foi uma blindagem institucional que protege os investigados e impede o avanço da verdade. Ao se recusar a acolher o requerimento, o presidente Guila ignorou não apenas os elementos jurídicos apresentados, mas também a pressão popular que exigia providências e respostas.
A reação da população presente foi de revolta e frustração. Muitos saíram do plenário com o sentimento de que o esforço coletivo havia sido jogado por terra por conta de uma decisão que privilegia a impunidade. Os vereadores oposicionistas, no entanto, mantiveram firme sua postura. Geo Napoleão, Cacique Biá Cabral, Evandro Júnior e Mateus Leite deixaram clara sua indignação com a conduta da presidência da Casa, mas reafirmaram seu compromisso com a população e com a luta pela moralidade na administração pública. Eles ressaltaram que não aceitarão o silêncio como resposta e que seguirão fiscalizando, denunciando e exigindo que os responsáveis por eventuais crimes contra o povo de Pesqueira sejam devidamente responsabilizados.

A reunião de 29 de abril escancarou a força do poder que tenta se manter intocado e acima da lei, mesmo diante de acusações graves e do afastamento judicial de vereadores envolvidos nos escândalos. A Câmara, que poderia ter dado um passo histórico ao lado da população, optou por proteger seus próprios, negando voz àqueles que representam a indignação popular. Mas a noite também deixou evidente que a oposição segue unida, combativa e com respaldo social crescente. Mesmo diante da recusa institucional, os quatro vereadores seguem firmes em sua missão, conscientes de que a justiça pode tardar, mas não será calada. Pesqueira assistiu à vitória momentânea do silêncio do poder, mas também viu nascer uma resistência disposta a enfrentar qualquer estrutura em nome da verdade.

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