Desde a quinta-feira, 24 de abril, quando o céu do sertão se abriu para dar início ao tríduo da Misericórdia, a atmosfera na comunidade se transformou em um espaço de oração e louvor. Naquela noite, o público foi arrebatado pela apresentação do cantor Benil Ramos, cuja voz firme e cheia de unção levou os corações à verdadeira adoração. Em seguida, a celebração da Santa Missa, presidida pelo Padre Fabrício Timóteo, acentuou o espírito carismático da abertura, imprimindo nas almas a presença viva do Espírito Santo.
As noites seguintes seguiram em crescente fervor. A cada momento, a Terra da Divina Misericórdia se enchia de cânticos, pregações e a calorosa participação dos devotos, que se deslocaram em caravanas, em grupos de oração e também em família para viver o retiro espiritual proporcionado pela festa. O santuário improvisado, adornado com flores, luzes e imagens sacras, tornava-se um símbolo visível da devoção de um povo que, ano após ano, fortalece sua fé neste que já se consolidou como um dos maiores eventos religiosos do Nordeste.
O ápice das celebrações foi reservado para o domingo, 27 de abril, quando, antes mesmo do amanhecer, os sinos já ecoavam na alvorada festiva. Às 05h, a Santa Missa marcou o início de uma programação carregada de significados e emoções. As primeiras luzes do dia trouxeram consigo os milhares de fiéis que, pouco a pouco, lotaram a comunidade, prontos para viver a plenitude da Festa da Misericórdia.
A abertura oficial aconteceu às 08h, com uma grande procissão eucarística que percorreu as estradas de terra de Serra das Varas, enfileirando crianças, jovens, adultos e idosos em um cortejo de fé. À frente, o ostensório com o Santíssimo Sacramento era elevado, abençoando os caminhos e os corações que se rendiam à misericórdia divina. Em seguida, no altar montado ao ar livre, a adoração ao Santíssimo Sacramento tomou conta da manhã, criando um clima de profunda reverência e silêncio respeitoso.
Dom José Luiz, bispo da Diocese de Pesqueira, conduziu a pregação especial daquele dia, falando sobre a importância da misericórdia na vida cotidiana e o chamado de Deus à conversão pessoal e comunitária. Palavras que tocaram o coração dos presentes e trouxeram lágrimas aos olhos de muitos que, de joelhos, entregavam suas vidas e seus pedidos diante do Santíssimo.
O ponto alto da celebração aconteceu às 11h, com a Santa Missa presidida por Dom Josivaldo José Bezerra, bispo auxiliar da Arquidiocese de Olinda e Recife. A cerimônia, carregada de simbologias e marcada pela emoção coletiva, tornou-se um dos momentos mais memoráveis da história da festa. Em um altar decorado com cores suaves e símbolos da Divina Misericórdia, o bispo conduziu a celebração em tom solene, enaltecendo a grandiosidade do amor misericordioso de Deus e a necessidade de espalhá-lo pelo mundo.
Na tarde que avançava com o calor típico do sertão, a última procissão eucarística reuniu novamente a multidão, agora carregando em suas faces a expressão de missão cumprida. Às 16h, sob o céu azul que começava a ganhar tons dourados, a fé foi renovada em cada passo dado nas estradas de barro, acompanhando o Santíssimo, enquanto hinos de louvor ecoavam pelo campo, celebrando a vida, a esperança e o amor infinito de Deus.
Durante o tríduo, além das missas e momentos de louvor, Padre Adilson Simões conduziu um momento especial de celebração em sufrágio pela alma do Santo Padre, cujo sepultamento ocorreu no sábado, 26 de abril. O ato trouxe uma atmosfera ainda mais comovente à programação, ligando a comunidade à grandeza da Igreja Católica e recordando a todos a importância da oração pelos pastores da fé.
Quando o sol finalmente se pôs sobre Serra das Varas, trazendo o anoitecer do domingo, restava no ar o perfume da fé vivida intensamente e a certeza de que a 21ª Festa da Misericórdia entraria para a história como um encontro de corações tocados e transformados pela infinita misericórdia de Deus. A comunidade, iluminada por pequenos focos de luz e pelo fervor que persistia em cada oração sussurrada, permanecia envolta em gratidão, celebrando silenciosamente a grandiosidade dos dias vividos e aguardando, com esperança, o reencontro no próximo ano.
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