ENCANTOS DO SERTÃO - ARCOVERDE

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

SALOÁ QUEBRA O SILÊNCIO E REVELA FESTA DE EMANCIPAÇÃO POLÍTICA COM ATRAÇÕES QUE PROMETEM LOTAR A PRAÇA DE EVENTOS

A expectativa que tomou conta de Saloá nas últimas semanas chegou ao fim na tarde desta segunda-feira (1º). Após alimentar o suspense nas redes sociais, a Prefeitura e o prefeito Júnior de Rivaldo divulgaram oficialmente a programação dos shows que vão marcar as comemorações da Emancipação Política do município. Apesar de a data histórica ser celebrada em 20 de dezembro, a principal festa será realizada no dia 21, confirmando a tradição de reunir multidões na Praça de Eventos.

A lista de artistas escolhidos coloca Saloá no centro do calendário festivo do Agreste no final do ano. Entre as atrações anunciadas está Priscila Senna, ícone do brega romântico e figura presente nos principais palcos do Nordeste. Sua presença deve atrair um grande público, especialmente fãs que acompanham sua trajetória consolidada no gênero.

Outro nome confirmado é Luan Estilizado, artista que se firmou como um dos principais representantes do forró moderno, acumulando sucessos que circulam nacionalmente e embalando públicos diversos. A apresentação do cantor é vista como um dos pontos altos da noite, por agregar forte apelo popular e grande capacidade de mobilização regional.

Fechando o trio anunciado pela gestão municipal, a tradicional Capim com Mel também subirá ao palco, trazendo repertório que atravessa décadas e carrega forte vínculo afetivo com o público nordestino. A banda, conhecida por sucessos que marcaram gerações, reforça o caráter nostálgico e cultural da programação.

A administração municipal ressalta que o evento é planejado para valorizar a identidade local e celebrar o percurso histórico do município desde sua emancipação. Além dos shows, outras atividades — de caráter cívico e cultural — ainda devem ser integradas à programação oficial, ampliando o alcance das comemorações.

Com atrações que dialogam com diferentes públicos, a festa de 21 de dezembro se consolida como uma das mais aguardadas dos últimos anos e deve transformar Saloá em ponto de encontro para moradores, visitantes e amantes da música nordestina. A confirmação da grade reforça o compromisso da gestão em promover um evento estruturado, gratuito e capaz de movimentar economicamente e culturalmente toda a região.

FEITOSA CONFIRMA PRÉ-CANDIDATURA À ALEPE EM 2026 PELO PL E REFORÇA COMPROMISSO COM A BASE BOLSONARISTA

Em uma entrevista marcada por firmeza política e apelo direto à sua base, o deputado estadual Joel da Harpa (Feitosa) confirmou, na manhã desta segunda-feira, durante participação na Rádio Folha, que será candidato a deputado estadual nas eleições de 2026 pelo Partido Liberal, legenda comandada nacionalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A declaração, embora aguardada por aliados, repercutiu fortemente nos bastidores, consolidando o parlamentar como uma das principais referências do bolsonarismo em Pernambuco.

Feitosa, que mantém articulação intensa com parlamentares de direita no Congresso Nacional e possui histórico de participação em agendas com Bolsonaro dentro e fora do estado, afirmou que sua decisão é resultado direto de um compromisso firmado com seus eleitores. “A minha vida política, desde o início, não se trata de um projeto pessoal. É um compromisso com quem me elegeu. Atendo um pedido dos meus eleitores, foram 146.847 votos em todos os municípios de Pernambuco. Tenho compromisso com meu estado, ainda há muito por fazer”, ressaltou.

O deputado destacou que a conexão permanente com sua base eleitoral tem moldado sua atuação e ampliado seu campo de influência dentro da Assembleia Legislativa. “O político é voz do seu povo e não há escuta sem proximidade. Estar perto da minha base eleitoral, ouvindo as lideranças, fez e ainda faz a diferença”, disse.

A força política de Feitosa dentro do PL é reconhecida nacionalmente. Ele foi o deputado estadual mais bem votado do partido em três regiões do Brasil e o segundo mais votado em Pernambuco. O desempenho eleitoral expressivo, somado a cinco mandatos consecutivos, o levou a assumir a presidência da Comissão de Constituição, Legislação e Justiça (CCLJ), considerada a mais importante da Alepe por ser responsável pela análise de constitucionalidade das propostas legislativas.

Sua trajetória é marcada por iniciativas legislativas de forte apelo social. Entre as leis de sua autoria, estão a que combate a violência nas torcidas organizadas; a que combate a adultização e erotização infantil; a que proíbe a retenção de macas nas emergências; a que garante às mulheres acompanhante em qualquer procedimento médico, incluindo exames; e a Lei Antibullying nas escolas. Tais medidas reforçam seu discurso de defesa da família, da proteção social e da ordem pública.

Durante a entrevista, Feitosa também criticou a ausência de uma política de segurança eficaz no Estado. “Ainda não há uma política de segurança que tire o medo dos pernambucanos andarem nas ruas e nos coletivos. Não vou me afastar. Vou atender o pedido do eleitor e me manter firme nas ações que cobram, fiscalizam e contribuem para melhorias em Pernambuco”, destacou.

Com a confirmação da pré-candidatura, o parlamentar entra oficialmente na lista de apostas do PL para ampliar sua força na Assembleia Legislativa e fortalecer o posicionamento conservador no estado. Para seus apoiadores, a declaração pública de hoje não apenas reafirma sua liderança política, mas também sinaliza que o partido pretende chegar em 2026 com um palanque robusto, alinhado ao projeto nacional do bolsonarismo.

FACÇÃO 'EVANGÉLICA' QUE EMERGE COMO TERCEIRA FORÇA DO CRIME ORGANIZADO DO BRASIL

Três agentes da Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro arremessam uma estrela de Davi enorme do alto de uma caixa d'água em Parada de Lucas, na Zona Norte da cidade.

Até ser destruído em uma operação da PM no último dia 11 de março, o símbolo de neon brilhava forte à noite, avisando a quem o avistasse que aquele era o Complexo de Israel: o conjunto de cinco comunidades na zona norte do Rio dominadas pelo Terceiro Comando Puro (TCP), facção que nos últimos anos ficou conhecida pela presença de traficantes que se dizem evangélicos.

Na mesma operação policial, os agentes demoliram um imóvel de luxo do chefe do tráfico no local, Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como "Peixão", um "resort" erguido em uma área de proteção ambiental dentro do complexo.

Peixão, contudo, não foi preso. Na verdade, ele nunca passou pelo sistema carcerário. Com 39 anos, sua figura é cercada de mistérios e perguntas em aberto. Não se sabe, por exemplo, qual sua história de conversão. Alguns relatos dizem que ele é pastor, outros que virou evangélico por causa da mãe.

Fato é que a queda da estrela de Davi no topo da caixa d'água em Parada de Lucas foi mais simbólica do que prática.

A facção, na verdade, está em franca expansão, como relatou o coordenador-geral de análise de conjuntura nacional da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Pedro Souza Mesquita, em uma reunião da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência no Congresso no início de novembro.

No último ano, o TCP foi além dos limites do Rio de Janeiro e chegou a Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Ceará, Amapá, Acre, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, conforme o levantamento feito pela Abin.

Uma das últimas fronteiras cruzadas pela facção foi a do Ceará. Há cerca de três meses, a estrela de Davi que virou marca do grupo começou a aparecer em locais como Maracanaú, na região metropolitana de Fortaleza, ao lado de pichações com dizeres como "Jesus é dono do lugar".

Um crescimento que, nas palavras de Mesquita, o coloca como "terceiro grupo emergente no contexto nacional", depois do Comando Vermelho (CV), do qual é rival declarado, e do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Em outubro, correu a notícia de que pelo menos quatro terreiros de umbanda na cidade haviam sido fechados a mando da facção, que há anos exercita um amplo repertório de práticas de intolerância religiosa na zona norte do Rio.

O delegado-geral da Polícia Civil do Ceará, Márcio Gutiérrez, disse à BBC News Brasil que os casos ainda estão sendo investigados.

Ele afirmou que a presença do TCP no Estado foi identificada pelas autoridades locais em setembro, mês em que 37 membros do grupo foram presos só na região metropolitana. (Clique aqui e leia a matéria na íntegra do G1).

MORAES MANDA PF INVESTIGAR DIAGNÓSTICO DE ALZHEIMER DE HELENO APÓS VERSÕES CONTRADITÓRIAS


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou, nesta segunda-feira (1º), que a Polícia Federal realize em até 15 dias uma perícia médica no general Augusto Heleno, para a comprovação do diagnóstico de Alzheimer.

Na decisão, Moraes cita "informações contraditórias" apresentadas por Heleno e pela defesa do general, que foi condenado a 21 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Em depoimento prestado na última quarta-feira (26), após ser preso, Heleno disse que havia sido diagnosticado e convivia com Alzheimer, um tipo de demência, desde 2018. Já no sábado (29), em ofício encaminhado a Moraes, os advogados do militar apresentaram outra versão, dizendo que Heleno realizou exames em 2024 e que, apenas em janeiro de 2025, foi confirmado o diagnóstico de Alzheimer.

"Em virtude de informações contraditórias, a análise do pedido formulado pela Defesa exige, inicialmente, a efetiva comprovação do diagnóstico de demência mista (Alzheimer e vascular). Diante do exposto, DETERMINO a elaboração de laudo pericial por peritos médicos da Polícia Federal, no prazo de 15 (quinze) dias", determinou Moraes.

O ministro do STF determinou ainda que Heleno passe por uma avaliação clínica completa, "inclusive o histórico médico, exames e avaliações de laboratório, como a função tireoidiana e níveis de vitamina B12, neurológicos e neuropsicológicas, incluindo, se necessário for, exames de imagem, como ressonância magnética e PET, além do que entenderem necessário para verificação do estado de saúde do réu, em especial sua memória e outras funções cognitivas, bem como eventual grau de limitação funcional decorrente das patologias identificadas”. 

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, general Heleno foi condenado a 21 anos de prisão por participação na trama golpista. Assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, ele foi acusado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado por violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado.

MORAES MANDA PF INVESTIGAR DIAGNÓSTICO DE ALZHEIMER DE HELENO APÓS VERSÕES CONTRADITÓRIAS


O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou, nesta segunda-feira (1º), que a Polícia Federal realize em até 15 dias uma perícia médica no general Augusto Heleno, para a comprovação do diagnóstico de Alzheimer.

Na decisão, Moraes cita "informações contraditórias" apresentadas por Heleno e pela defesa do general, que foi condenado a 21 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado.

Em depoimento prestado na última quarta-feira (26), após ser preso, Heleno disse que havia sido diagnosticado e convivia com Alzheimer, um tipo de demência, desde 2018. Já no sábado (29), em ofício encaminhado a Moraes, os advogados do militar apresentaram outra versão, dizendo que Heleno realizou exames em 2024 e que, apenas em janeiro de 2025, foi confirmado o diagnóstico de Alzheimer.

"Em virtude de informações contraditórias, a análise do pedido formulado pela Defesa exige, inicialmente, a efetiva comprovação do diagnóstico de demência mista (Alzheimer e vascular). Diante do exposto, DETERMINO a elaboração de laudo pericial por peritos médicos da Polícia Federal, no prazo de 15 (quinze) dias", determinou Moraes.

O ministro do STF determinou ainda que Heleno passe por uma avaliação clínica completa, "inclusive o histórico médico, exames e avaliações de laboratório, como a função tireoidiana e níveis de vitamina B12, neurológicos e neuropsicológicas, incluindo, se necessário for, exames de imagem, como ressonância magnética e PET, além do que entenderem necessário para verificação do estado de saúde do réu, em especial sua memória e outras funções cognitivas, bem como eventual grau de limitação funcional decorrente das patologias identificadas”. 

Ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante o governo Bolsonaro, general Heleno foi condenado a 21 anos de prisão por participação na trama golpista. Assim como o ex-presidente Jair Bolsonaro, ele foi acusado pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado por violência e grave ameaça, além de deterioração de patrimônio tombado.

JOÃO PAULO COSTA ATRAVESSA O SERTÃO EM DOIS DIAS DE ATIVIDADES ESTRATÉGICAS E REFORÇA PRESENÇA POLÍTICA NA REGIÃO

Em um fim de semana marcado por deslocamentos contínuos, agendas simultâneas e diálogos com diferentes setores da sociedade sertaneja, o deputado estadual João Paulo Costa voltou a percorrer municípios do Sertão pernambucano em um roteiro que evidenciou articulação política, entregas estruturantes e participação em eventos tradicionais da região. Entre entrevistas, encontros com lideranças e presença em celebrações culturais e religiosas, o parlamentar manteve um ritmo que reforça sua atuação junto às bases e a proximidade com as demandas locais.

O sábado começou em Parnamirim, onde João Paulo Costa participou de uma entrevista em uma rádio local, abrindo o dia debatendo temas regionais e discutindo expectativas para 2025. Após o compromisso na imprensa, seguiu para a zona rural do município, onde formalizou a entrega de implementos agrícolas ao lado do vereador Pedão, presidente da Câmara Municipal. A ação marcou a renovação de equipamentos utilizados por pequenos produtores, considerada essencial em um ano de forte oscilação climática no Sertão.

Do sertão central, o parlamentar avançou para Exu, onde participou da entrega de um trator completo destinado ao fortalecimento da agricultura local. O ato foi realizado ao lado da vereadora e presidente da Câmara, Fafa Saraiva, reunindo agricultores, representantes comunitários e lideranças políticas. Ainda no município, João Paulo Costa se dedicou a uma rodada de conversas com vereadores de seu grupo político em Bodocó, entre eles Aloísio e Dário, em um encontro voltado a alinhamento de demandas e debates sobre investimentos prioritários para 2026.

A agenda seguiu em ritmo intenso rumo a Moreilândia, onde o deputado marcou presença na tradicional Festa do Pau da Bandeira, no distrito de Cariri Mirim. O evento, uma das celebrações mais emblemáticas do município, reuniu moradores, visitantes e lideranças políticas. João Paulo acompanhou a programação ao lado do prefeito Teto Teixeira, vereadores e representantes locais, reforçando vínculos com a comunidade em um dos momentos culturais mais importantes do calendário da região.

No domingo, o roteiro deslocou-se para o Sertão do São Francisco, onde o deputado participou das celebrações da padroeira de Belém do São Francisco, Nossa Senhora do Patrocínio. Ao lado do prefeito Calby Carvalho, vereadores e secretários municipais, João Paulo Costa acompanhou a programação religiosa que tradicionalmente mobiliza milhares de fiéis e marca o encerramento do mês de novembro no município.

Ao longo dos dois dias de atividades, o parlamentar transpareceu uma estratégia de atuação que combina presença territorial, diálogo político e participação em agendas simbólicas para as comunidades sertanejas. As visitas, entregas e encontros reforçam sua articulação na região e consolidam sua interlocução com lideranças que vêm buscando fortalecer ações estaduais nos municípios que compõem o Sertão pernambucano.

IZAÍAS RÉGIS INSPECIONA OBRAS E REFORÇA PRESSÃO POR ENTREGAS ESTRATÉGICAS EM GARANHUNS

O deputado estadual Izaías Régis percorreu, neste fim de semana, três dos principais canteiros de obras atualmente em execução em Garanhuns. A agenda, marcada por inspeções técnicas, recolocou no debate público estruturas consideradas decisivas para a saúde, a educação e a segurança do Agreste Meridional: a nova Maternidade, a Creche do Magano e o Complexo de Polícia Científica (CPC), que incluirá o Instituto Médico Legal (IML).

A primeira parada foi na maternidade, projeto que soma R$ 58,2 milhões em investimentos e que, segundo o parlamentar, representa uma resposta a uma demanda regional acumulada ao longo dos anos. A obra, em ritmo avançado, está projetada para ampliar a capacidade de atendimento obstétrico e estruturar um fluxo de assistência voltado às gestantes de Garanhuns e dos municípios vizinhos. Régis destacou que o equipamento integra compromissos firmados junto à população durante o período eleitoral e que pretende acompanhar cada fase até a entrega definitiva.

No Magano, o deputado conferiu o andamento da creche municipal em construção. O empreendimento avança por etapas e é apontado como um reforço à oferta de vagas na educação infantil, um dos gargalos históricos da cidade. A estrutura está sendo planejada para atender famílias que dependem de serviços de acolhimento e rotina escolar para crianças pequenas, ponto recorrente nos debates sobre políticas públicas no bairro.

A última visita ocorreu na área destinada ao Complexo de Polícia Científica. O espaço, que já tem licitação aprovada no valor de R$ 4.968.651,00, reunirá instalações do Instituto Médico Legal e do Instituto de Criminalística, incluindo sala de necropsia e laboratórios forenses. A pauta acompanha o deputado desde 2007, quando apresentou as indicações nº 351/2007 e nº 2204/2008 cobrando a implantação do IML no município. A construção do CPC é vista como uma medida capaz de alterar o cenário da perícia oficial na região, reduzindo deslocamentos e ampliando a capacidade de investigação técnica.

Ao final das visitas, Izaías Régis reforçou que seguirá monitorando o andamento das três obras, classificadas por ele como intervenções estruturais para o funcionamento de serviços essenciais no Agreste.

COLUNA POLÍTICA | RAMAGEM DESADIA O STF | NA LUPA 🔎 | POR EDNEY SOUTO

HUGO MOTTA DESAFIA STF E AGRAVA CRISE INSTITUCIONAL AO PROTEGER RAMAGEM
A FUGA, O ATAQUE À JUSTIÇA E O RISCO DIPLOMÁTICO QUE ENVOLVE SEGREDOS DO ESTADO BRASILEIRO

A INSUBORDINAÇÃO DE HUGO MOTTA E O CHOQUE ENTRE PODERES

A decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de “consultar o departamento jurídico” antes de cumprir a determinação do Supremo Tribunal Federal que cassou o mandato de Alexandre Ramagem, não é apenas um ato de protelação. O gesto tem potencial para se tornar a mais recente fagulha em um cenário já inflamado por tensões entre os Poderes. A declaração pública do deputado, feita no mesmo dia em que o STF confirmou a perda do mandato, representa um desafio frontal à autoridade da Corte e coloca o Legislativo no centro de um debate que transcende a política partidária: o respeito ao ordenamento constitucional.

Motta optou por desacelerar o cumprimento de uma ordem judicial definitiva enquanto Ramagem, já condenado, ataca as instituições desde os Estados Unidos. A hesitação do presidente da Câmara ressoa como uma tentativa de blindagem política em um momento em que a Justiça tenta dar resposta firme ao golpismo.

O SIGNIFICADO DA CONDENAÇÃO E O CONTRASTE COM O EXTERIOR

A prisão de Jair Bolsonaro e de seus principais aliados envolvidos no plano golpista de 2022 foi um divisor histórico. Pela primeira vez, militares e agentes do Estado envolvidos em ações para subverter a democracia foram responsabilizados. O Brasil rompeu com uma tradição secular de impunidade às Forças Armadas e consolidou um marco que contrasta com experiências internacionais — especialmente a dos Estados Unidos, onde Donald Trump foi absolvido politicamente e retornou ao poder para um segundo mandato ainda mais autoritário.

Enquanto a democracia americana convive hoje com um presidente que reabilitou um movimento radical e hostil às instituições, a brasileira tornou inelegível e prendeu seu próprio líder golpista. A diferença revela a maturidade adquirida no Brasil após décadas de crises, mas também expõe a persistência do risco: o golpismo não foi derrotado integralmente, apenas contido.

A fuga de Ramagem, às vésperas de ser sentenciado a 16 anos de prisão, mostrou isso com clareza.

A FUGA DE RAMAGEM: UM GOLPE NA CREDIBILIDADE DAS INSTITUIÇÕES

A evasão de Alexandre Ramagem não foi apenas uma derrota operacional para a Polícia Federal; foi um abalo simbólico. O ex-diretor da Abin, com passaporte cancelado, conseguiu deixar o país sem qualquer impedimento — uma manobra que coloca a corporação sob escrutínio e expõe falhas graves na vigilância de réus de alta periculosidade institucional.

Dos Estados Unidos, Ramagem passou a atacar o ministro Alexandre de Moraes, chamando-o de “violador de direitos humanos” e “tirano”, enquanto reivindica estar “sob anuência” do governo Donald Trump. O discurso, além de zombar do sistema judicial brasileiro, alimenta a ofensiva internacional de difamação conduzida há anos por Eduardo Bolsonaro e grupos alinhados ao trumpismo.

O PASSADO NA ABIN E A AMEAÇA QUE AGORA SE DESLOCA PARA O EXTERIOR

Ramagem não é um réu comum. A estrutura que comandou dentro da Agência Brasileira de Inteligência foi aparelhada para servir aos interesses pessoais e políticos de Jair Bolsonaro. De acordo com a PF, a Abin foi transformada em um centro clandestino de espionagem ideológica.

O software israelense FirstMile, ferramenta de monitoramento sigilosa, foi acionado mais de 30 mil vezes para perseguir cerca de 2 mil pessoas consideradas “inimigas” do bolsonarismo. Jornalistas, ministros do STF, delegados, procuradores, militantes, políticos de oposição e até aliados foram monitorados. O aparato estatal funcionou como extensão de um projeto autoritário.

O delegado que investigava o caso Marielle Franco e procuradores que atuaram contra Bolsonaro constaram entre os alvos. Nada era limite para a máquina de vigilância comandada por Ramagem.

E o mais grave: ao deixar a Abin, em 2022, ele levou consigo um notebook e um celular oficiais — equipamentos com acessos, registros e conteúdos que jamais deveriam sair das mãos do Estado.

SEGREDOS DE ESTADO NAS MÃOS DE UM FORAGIDO

A fuga de Ramagem reacendeu um temor interno: ele é o condenado que mais representa risco. Um servidor da própria Abin, ouvido pelo ICL Notícias, afirmou que o ex-diretor teve contato com documentos altamente restritos, informações sensíveis sobre soberania nacional e detalhes de operações estratégicas.

Agora, com a proteção política do governo Trump, Ramagem pode transformar esses segredos em moeda de negociação. Seu histórico mostra que ele nunca teve freios éticos. No Brasil, usou dados sigilosos para atacar urnas eletrônicas e alimentar narrativas conspiratórias. Nos Estados Unidos, pode usá-los para reforçar a agenda de Donald Trump e fortalecer redes internacionais de extrema direita.

O problema, portanto, não é apenas jurídico. É diplomático. É estratégico. É institucional.

UM RISCO QUE ULTRAPASSA O CASO INDIVIDUAL

A presença de Ramagem em solo americano, atacando o Judiciário brasileiro e pedindo extradição de um ministro do STF — algo inconcebível no plano diplomático — mostra como o bolsonarismo busca reconstruir, fora do país, uma plataforma política que perdeu espaço no interior das instituições brasileiras.

Hugo Motta, ao desafiar o STF, insere o Poder Legislativo nesse ambiente tóxico. A demora em cumprir uma decisão judicial reforça a sensação de que parte da elite política ainda hesita em romper definitivamente com práticas autoritárias.

O JOGO AINDA NÃO ACABOU

O caso Ramagem evidencia que, embora o Brasil tenha avançado na responsabilização dos golpistas, a ameaça não desapareceu. Ela apenas mudou de forma — e de território.
O desafio de proteger a democracia, agora, envolve não apenas conter atores internos, mas também impedir que agentes foragidos e com acesso a segredos de Estado se tornem instrumentos de governos estrangeiros que guardam afinidade ideológica com o bolsonarismo.

Enquanto isso, decisões como a de Hugo Motta acendem sinais de alerta: a democracia brasileira continua sendo testada. E qualquer recuo institucional — mesmo de aparência burocrática — pode abrir espaço para uma nova ofensiva daqueles que nunca aceitaram o resultado das urnas.