ENCANTOS DO SERTÃO - ARCOVERDE

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

PREFEITO MANO MEDEIROS MARCA PRESENÇA EM VISITA DE LULA À RNEST E DESTACA IMPACTO REGIONAL DOS NOVOS INVESTIMENTOS

A manhã desta terça-feira (2) ficou marcada por um dos atos mais simbólicos da atual agenda presidencial em Pernambuco. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou no Complexo Industrial e Portuário de Suape, no Ipojuca, para participar da solenidade que celebrou o avanço das obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) — um dos maiores empreendimentos estratégicos do Nordeste. Entre as autoridades presentes, o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Mano Medeiros, teve papel de destaque ao acompanhar a cerimônia e reforçar o alinhamento regional em torno dos novos investimentos.

Mesmo com o contrato de expansão já formalizado anteriormente, o ato promovido pela Petrobras ganhou caráter institucional e político, reunindo ministros, gestores municipais, parlamentares e representantes da estatal. A assinatura simbólica consolidou, perante o público, o compromisso federal com a ampliação da capacidade produtiva da Rnest, que já está em execução e deve reposicionar Pernambuco no cenário nacional da indústria de refino.

A presença de Mano Medeiros no evento reforçou a visão de integração entre os municípios da Região Metropolitana do Recife. Jaboatão, que historicamente se beneficia da dinâmica econômica gerada pelo entorno de Suape, tende a sentir de forma direta os efeitos da nova fase de investimentos — especialmente na abertura de vagas de trabalho, aumento da demanda por serviços e movimentação logística.

Durante a cerimônia, o prefeito destacou o impacto transversal das obras: “Esse é um momento importante para Pernambuco. Uma iniciativa dessa magnitude não transforma apenas o município sede, mas fortalece toda a região. Para cidades próximas, como Jaboatão, é sinônimo de mais oportunidades, empregos e desenvolvimento”.

A ampliação da Rnest, considerada uma das prioridades da Petrobras no Nordeste, marca a retomada do protagonismo industrial de Pernambuco, após anos de paralisações e ajustes na planta. A refinaria voltou à rota de investimentos estratégicos da estatal e tem sido apresentada pelo governo federal como um eixo de expansão energética e de fortalecimento da cadeia produtiva local.

A agenda do presidente no Ipojuca abriu o primeiro compromisso de Lula no estado nesta terça-feira. Ao longo do dia, o chefe do Executivo seguiria para outras atividades em Pernambuco, consolidando uma presença que simboliza não apenas anúncios, mas a reafirmação de uma política de desenvolvimento voltada ao Nordeste.

A participação de Mano Medeiros, nesse contexto, posiciona Jaboatão como parte ativa do ciclo de crescimento regional impulsionado pela expansão industrial de Suape — um movimento que promete ressoar na economia metropolitana nos próximos anos.

ÁLVARO PORTO CELEBRA INAUGURAÇÃO DE BARRAGEM AO LADO DE GABRIEL

Das cinco barragens planejadas para combater inundações, apenas duas foram concluídas
O presidente da Assembleia Legislativa de Pernambuco, deputado Álvaro Porto, comemorou, nesta terça-feira (02.12), a inauguração, feita pelo presidente Lula, da barragem de Panelas II, em Cupira, no Agreste. Ao lado do pré-candidato a deputado federal Gabriel Porto, o deputado marcou presença na entrega da obra e acompanhou a assinatura da ordem de serviço para continuidade da barragem de Igarapeba, localizada em São Benedito do Sul. 

As barragens são projetos bancados pelo governo federal e fazem parte do plano de contenção de enchentes da Mata Sul, lançado em 2010 como repostas às cheias registradas na região naquele ano. Em 2015, ainda no primeiro mandato, Porto cobrava a conclusão das barragens que incluíam Serro Azul, em Palmares; Gatos, em Lagoa dos Gatos; Guabiraba, em Barra de Guabiraba, além de Panelas II e Igarapeba. 

“Como prefeito de Canhotinho, acompanhei os estragos das chuvas em 2010 e da nova tragédia de 2012 na Mata Sul, auxiliando os municípios vizinhos no que foi possível. As cidades foram destruídas e a população sofreu demais. A entrega da Panelas II vai amenizar os efeitos das chuvas  para a Mata Sul, o que significa menos risco de inundações, prejuízos e fatalidades”, disse.

O deputado ressaltou que entre 2015 e 2017 esteve por duas vezes, juntamente com outros deputados, em Serro Azul e nas cidades de Palmares e Maraial vendo de perto os danos deixados pelas águas e conversando com lideranças e moradores. “Quem ficou sem casa, se queixava da demora das moradias prometidas, mas havia, principalmente, muito medo de novas enchentes e novas perdas. Fizemos cobranças de celeridade na Assembleia e alertamos para o risco de novas inundações”, frisou.

O deputado destaca que, por tudo o que acompanhou e continua a ver e ouvir, é preciso que as outras três barragens sejam concluídas o quanto antes.  “Apenas Serro Azul e, agora, Panelas II ficaram prontas. Em 2023, quando a Mata Sul voltou a ser tomada por enchentes, estivemos em Catende conversando com prefeitos e com a população e ficou evidente, mais uma vez, a necessidade de urgência das barragens”, assinalou.

Para ele, só o conjunto de barragens para conter os rios Una e Sirinhaém vai resolver de vez a questão das cheias, protegendo as áreas urbanas, além de assegurar oferta hídrica para consumo humano e uso em atividades econômicas.

De acordo com o governo federal, a barragem Panelas II tem capacidade de armazenamento de 16,9 milhões de metros cúbicos. A obra terá repercussão positiva sobre as cidades de Belém de Maria, Catende, Palmares, Água Preta e Barreiros. A população beneficiada é estimada em 199 mil habitantes. O empreendimento é de R$ 114 milhões.

Já a barragem de Igarapeba, protegerá contra inundações as cidades de Maraial, Jaqueira, Catende, Palmares, Água Preta e Barreiros. Além disso, reforçará o fornecimento de água para o município de São Benedito do Sul e seu distrito de Igarapeba, beneficiando uma população de 186 mil habitantes. O volume total é de 46,6 milhões de metros cúbicos. O valor total do investimento é de R$ 206 milhões. 

Fotos: Alexandre Aroeira

"O PRESIDENTE LULA ESTÁ FAZENDO EM PERNAMBUCO O MAIOR VOLUME DE INVESTIMENTOS DA HISTÓRIA", DIZ SILVIO COSTA FILHO

Ao participar da cerimônia alusiva à ampliação da capacidade operacional da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), nesta segunda-feira, o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, fez questão de ressaltar que o presidente Lula não tem faltado com Pernambuco.

Em seu discurso para trabalhadores da Rnest, Costa Filho destacou ações estruturantes que o presidente Lula tem realizado no Estado, como as obras de duplicação e recuperação das BRs 104, 232 e 423, a construção de barragens, adutoras e institutos federais, além da ampliação de programas sociais já consolidados, como o Bolsa Família, o Luz para Todos e o Minha Casa, Minha Vida.

“O presidente Lula está promovendo, em Pernambuco, o maior volume de investimentos da história”, avaliou Silvio Costa Filho.

Aliado do presidente e um dos principais interlocutores e articuladores do Governo Federal em obras no Estado, o ministro Silvio Costa Filho ressaltou o papel estratégico da Rnest e de Suape no fortalecimento do setor energético brasileiro. “A Refinaria Abreu e Lima é uma das mais modernas do Brasil e depende diretamente de Suape para receber petróleo bruto e distribuir seus derivados. Investir aqui é fortalecer a segurança energética do país e garantir novas oportunidades de desenvolvimento para Pernambuco”, afirmou.

O ministro defendeu a continuidade do projeto de desenvolvimento em curso no país. “Infelizmente, nós perdemos muito no governo anterior, com o ex-presidente da República. Foram quatro, cinco, seis anos de obras paralisadas. Praticamente, Pernambuco não teve uma obra, uma ação. Foi um desrespeito ao povo pernambucano. Por onde temos andado no nosso Estado, temos observado um conjunto de obras do Governo Federal. É a duplicação da BR-423, são seis institutos federais, mais de 25 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, além de investimentos em educação, saúde e infraestrutura que têm colocado Pernambuco na rota do desenvolvimento econômico”, disse o ministro, que concluiu: “Se Deus quiser, em 2026 ele vai se reeleger presidente do Brasil”.
Desenvolvimento

O presidente Lula reforçou a importância da sinergia entre infraestrutura, refino e geração de empregos. “A expansão da Rnest e o crescimento de Suape mostram que o Nordeste voltou a ser prioridade. É extremamente importante que não percamos de vista o que está acontecendo no Brasil e em Pernambuco hoje. O que vemos agora confirma a soberania do nosso país e a força da Petrobras, a nossa maior empresa, gerando desenvolvimento, dignidade e benefícios diretos ao povo brasileiro. Quando investimos em energia, logística e indústria, estamos investindo no povo e no futuro do Brasil”, ressaltou o presidente.

AMPLIAÇÃO DA REFINARIA ABREU E LIMA MARCA NOVA FASE EM PERNAMBUCO: “SOMOS DESTINO DE INVESTIMENTOS E TEMOS UM POVO TRABALHADOR E QUALIFICADO”, CELEBRA GOVERNADORA RAQUEL LYRA, AO LADO DO PRESIDENTE LULA



Ampliação da RNEST deve gerar 15 mil empregos e dobrar capacidade de refino em Pernambuco
“Somos destino de investimentos e temos um povo trabalhador e qualificado que tem garra e fé, mas precisa de decisão política para fazer investimentos como esse”, afirmou a governadora Raquel Lyra, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia que marcou o início das obras do Trem 2 da Refinaria Abreu e Lima (RNEST), em Ipojuca, nesta terça-feira (2). Ao destacar o momento histórico para Pernambuco, a gestora reforçou que o avanço da refinaria inaugura uma nova fase para a economia do Estado, que teve a confiança do mercado resgatada.
“Pernambuco voltou a ser líder no Nordeste na geração de empregos de carteira assinada e somos a primeira bacia leiteira da região. Obras paralisadas por muito tempo hoje viram realidade. A Barragem de Panelas II estava paralisada há mais de 10 anos e vamos inaugurar hoje, e a Transnordestina já teve o edital publicado. Agradeço ao presidente por não desistir da refinaria, não desistir de Pernambuco. Agora é tempo de cuidar do nosso povo”, afirmou a governadora Raquel Lyra. 
O presidente Lula destacou os investimentos na Refinaria e reiterou que os lucros gerados pela Petrobras precisam retornar para a população brasileira. “O momento de hoje é a demonstração que o país é soberano, e tem a Petrobras que é a mais importante empresa. O dinheiro que a Petrobras consegue produzir neste país tem que ser transformar em benefício para o povo brasileiro, com investimento, emprego, salário, e dignidade para nossa gente”, disse o chefe de Estado. 
A Petrobras vai investir cerca de R$ 12 bilhões para a conclusão do Trem 2 e outras atividades de manutenção do Trem 1. A expansão deve gerar cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos ao longo da obra e acrescentar 13 milhões de litros de Diesel S10 por dia à capacidade nacional, além de duplicar, ao fim do projeto, em 2029, o processamento da refinaria para 260 mil barris por dia. Já a modernização do Trem 1 deve ampliar a sua capacidade de 115 mil para 130 mil barris por dia.
De acordo com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, com os avanços, a expectativa é de ampliação significativa da capacidade da unidade. “Abreu e Lima se tornará a segunda maior refinaria do nosso país. A RNEST faz parte de uma trajetória de investimentos que se traduz em mais segurança energética, onde vai ajudar o Brasil a se tornar superavitário na produção de gás, do GLP nos próximos 10 anos, isso é soberania nacional”, afirmou o ministro.
A ampliação da RNEST se soma a um conjunto de ações conduzidas pelo Governo de Pernambuco em Suape e região, como os investimentos em dragagem dos canais, implantação da Zona de Processamento de Exportação de Pernambuco (ZPE-PE), fortalecimento do polo de combustíveis verdes e a atração de novos empreendimentos ligados à transição energética, incluindo projetos de e-metanol e hidrogênio de baixo carbono. 
O alinhamento entre o Governo do Estado e a Petrobras foi apontado como elemento essencial para o andamento do projeto. “Estamos num processo de aumentar a produção de refino do petróleo, e a RNEST é fundamental nesse campo. Nos próximos cinco anos, queremos aumentar nosso refino em 400 mil barris por dia e daqui sairão 130 mil”, afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard.
Desde 2023, o Estado já atraiu mais de R$ 35 bilhões em investimentos privados, além de registrar, em 2024, o maior crescimento do PIB dos últimos 15 anos (4,9%) e a geração de mais de 183 mil empregos formais durante a atual gestão.
Acompanharam a agenda os secretários estaduais Túlio Vilaça (Casa Civil), Guilherme Cavalcanti (Desenvolvimento Econômico), André Teixeira Filho (Mobilidade e Infraestrutura), Carlos Braga (Assistência Social, Combate à Fome e Políticas Sobre Drogas), Yane Telles (Criança e Juventude), Mauricélia Montenegro (Ciência, Tecnologia e Inovação); e o diretor-presidente da Agência Estadual de Meio Ambiente (CPRH), José Anchieta. Também estavam presentes os senadores Humberto Costa e Teresa Leitão; os ministros Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Luciana Santos (Ciência Tecnologia e Inovação), Wolney Queiroz (Previdência Social), Waldez Góes (Integração e do Desenvolvimento Regional) e Rui Costa (Casa Civil); além de deputados federais e estaduais.

Fotos: Yacy Ribeiro/Secom

CLÃ BOLSONARO À BEIRA DA RUPTURA: DISPUTA PELO COMANDO ABALA BASTIDORES DA DIREITA


A turbulência que há meses se insinua nos corredores do Partido Liberal (PL) finalmente veio à tona de forma explícita: Michelle Bolsonaro e os três filhos políticos do ex-presidente — Flávio, Eduardo e Carlos — protagonizam um racha que expõe a crise mais profunda já vista dentro do clã. O conflito, antes restrito a recados velados e desconfortos internos, ganhou contornos públicos, amplos e ruidosos, revelando um cenário de disputa direta por protagonismo e controle do bolsonarismo num momento de fragilidade da família.

O episódio mais recente, que detonou a crise, envolve uma articulação política conduzida por Michelle no Ceará. A ex-primeira-dama, que buscava ampliar sua influência no Nordeste e assumir uma posição central na condução do movimento, tomou a iniciativa de desautorizar intermediários partidários, provocando uma reação imediata dos filhos de Bolsonaro. O gesto, avaliam aliados, foi visto pelos herdeiros como uma afronta direta à autoridade do pai, hoje fora do tabuleiro político por causa de processos judiciais e do desgaste acumulado.

UM CONFLITO ALIMENTADO POR PROTAGONISMOS E IRONIAS

A disputa não se resume à divergência estratégica. Nos bastidores, o clima esquentou com trocas de farpas envolvendo expressões usadas pelo próprio Jair Bolsonaro em seus discursos de palanque, entre elas o já célebre “imbrochável”. O termo, que por anos serviu de marca discursiva do ex-presidente, virou munição irônica na troca de provocações entre Michelle e os filhos, evidenciando a deterioração das relações internas.

Interlocutores do PL relatam que houve quem tentasse minimizar o conflito, mas a crise ganhou peso suficiente para acender o sinal vermelho no partido. Reuniões de emergência foram convocadas para tentar reconstruir pontes e impedir que a disputa interna se transforme em fissura partidária num momento considerado crítico — faltando pouco para o início das movimentações oficiais para 2026.

PL PREOCUPADO COM RISCO DE IMPLOSÃO POLÍTICA

A direção da legenda avalia que o racha pode ultrapassar os limites domésticos e se transformar numa crise institucional dentro do bolsonarismo. A dúvida central que assombra aliados é clara: quem tem legitimidade para falar em nome da marca Bolsonaro? Com o ex-presidente silenciado pela Justiça, preso e afastado da linha de comando há meses, o espaço de liderança ficou aberto — e é exatamente esse vazio que agora se transforma em campo de batalha.

Michelle tenta ocupar essa lacuna com uma presença pública crescente, discursos organizados e articulações planejadas. Nos bastidores, a intenção é construir uma figura de liderança capaz de dialogar com setores mais amplos do eleitorado conservador, especialmente mulheres e evangélicos. Já os filhos defendem que a herança política e simbólica do pai pertence a eles — e apenas a eles — cabendo-lhes a missão de preservar a imagem construída ao longo dos anos.

BOLSONARISMO EM XEQUE: O QUE ESTÁ EM DISPUTA

A crise expõe um movimento que aliados vinham tentando evitar: a fragmentação visível do bolsonarismo. A falta de consenso sobre quem deve assumir o comando abre espaço para incertezas na base, desalinha as estruturas locais do PL e enfraquece a capacidade de articulação nacional do grupo.

A disputa também levanta questões sobre o futuro eleitoral da direita no Brasil. Sem um nome forte definido e com o principal símbolo do movimento fora de cena, o bolsonarismo tenta evitar que desentendimentos internos se transformem em perdas de apoio ou rupturas irreversíveis. Nas palavras de um dirigente do PL, que acompanha a crise de perto, “o maior adversário do bolsonarismo neste momento é o próprio bolsonarismo”.

UMA CRISE FAMILIAR COM REPERCUSSÃO NACIONAL

O que poderia ser apenas um conflito doméstico ganha repercussões que ultrapassam os limites da família. O embate entre Michelle e os filhos não só abala a unidade interna, mas impacta negociações, alianças e estratégias eleitorais em diversos estados. A disputa por protagonismo revela uma batalha por poder que vai moldar — ou desfigurar — o movimento político que marcou a última década no país.

Com o calendário eleitoral avançando e o clã Bolsonaro dividido, o futuro do bolsonarismo parece cada vez mais incerto. Resta saber se haverá espaço para reconstrução ou se a implosão anunciada se consolidará como novo capítulo da direita brasileira.

CÂMARA DOS DEPUTADOS LEVA AO RECIFE O MAIS TENSO DEBATE SOBRE A ESCALA 6X1 E EXPÕE PRESSÕES QUE VEM MOLDANDO O FUTURO DO TRABALHO NO BRASIL

RECIFE – A disputa em torno da escala de trabalho 6x1, uma das rotinas mais enraizadas no mercado laboral brasileiro e cada vez mais contestada, ganhou novos contornos com o seminário regional promovido pela Subcomissão Especial da Escala de Trabalho 6x1 da Comissão de Trabalho da Câmara dos Deputados. O encontro, realizado no Recife e coordenado pelo deputado federal Pedro Campos (PSB), reuniu trabalhadores exaustos da rotina industrial, empregadores preocupados com a reorganização da produtividade, representantes acadêmicos, entidades sindicais e membros do poder público, num dos diálogos mais densos já realizados sobre o tema no Estado.

O seminário fez parte do cronograma previsto pelo Requerimento nº 81/2025, apresentado pelo deputado Luiz Gastão (PSD-CE), que ampliou a discussão para além de Brasília ao determinar uma série de audiências e estudos com participação paritária entre trabalhadores e empregadores. A presença de diferentes setores no Recife refletiu um esforço para reconhecer que a jornada 6x1 afeta regiões e categorias de formas distintas, criando não apenas tensões econômicas, mas também impactos sociais e de saúde pública que raramente chegam ao centro do debate político nacional.

Ao abrir os trabalhos, Pedro Campos destacou que a escala 6x1 deixou de ser uma questão meramente produtiva e passou a representar um ponto de desgaste estrutural nas relações trabalhistas contemporâneas. A defesa por ele apresentada pela extinção dessa jornada, sem redução de salário, surgiu como uma tentativa de romper com um modelo considerado por especialistas como biologicamente desgastante e socialmente disfuncional. Em suas palavras, o país se vê diante de “novos tempos”, em que a revisão da jornada se torna inevitável diante de um mercado que exige eficiência, mas não pode mais sustentar-se à custa de jornadas extensivas que sacrificam o trabalhador.

Entre os presentes esteve o deputado federal Leonardo Prates (PDT-BA), além do reitor da Universidade Católica de Pernambuco, Padre Pedro Rubens, que reforçou a necessidade de debates públicos amplos para que decisões estruturantes sobre o mundo do trabalho não se limitem a análises técnicas. A participação de entidades como a FIEPE, representada por Maurício Laranjeiras, e a FECOMÉRCIO, por Jullyane Vasconcelos das Chagas, demonstrou a preocupação do setor empresarial com os possíveis reordenamentos produtivos que uma eventual mudança na legislação pode gerar.

No campo sindical, o presidente do SINTEPAV/PE, Aldo Amaral de Araújo, levou ao encontro a realidade de sua categoria, destacando que, apesar de algumas convenções coletivas já terem implantado a escala 5x2, a redução efetiva da carga horária permanece sendo a principal reivindicação dos trabalhadores. O dirigente apontou que a adoção de escalas menos extenuantes esbarra nas negociações e encontra resistências diante da pressão produtiva em setores como construção, indústria pesada e serviços contínuos.

A presença de especialistas da área jurídica acrescentou novas camadas ao debate. Karina Vasconcelos, assessora da Escola de Ciências Jurídicas da Unicap, ressaltou que o Brasil insiste em tratar a discussão sobre jornadas como um embate direto entre empregado e empregador, ignorando que longas cargas de trabalho afetam todo o tecido social. Suas reflexões moveram o debate para além dos muros das empresas ao destacar que o desgaste físico e emocional gerado pelo 6x1 repercute na formação das crianças, na segurança pública, no aumento dos custos do SUS e no adoecimento silencioso dos trabalhadores submetidos a rotinas de sobrecarga.

A fala de Karina provocou reações de diferentes setores presentes, reforçando que a jornada 6x1 ultrapassa o plano econômico e se transforma em um problema público que se acumula nas estatísticas de estresse, afastamentos, acidentes e queda de produtividade — fatores que pressionam tanto o Estado quanto as empresas. Ao defender que a discussão seja despolarizada, ela trouxe para o centro da mesa a ideia de que a realidade laboral brasileira já não comporta uma visão estreita sobre o tempo de trabalhar, mas exige que se observe também o tempo de viver.

Para o representante da FIEPE, Maurício Laranjeira, a relevância do seminário não está apenas na disputa de posições, mas no reconhecimento de que o país atravessa uma transição silenciosa no mundo do trabalho. Ele ressaltou que o que se debate hoje é, ao mesmo tempo, o futuro da economia pernambucana e o da economia nacional, numa perspectiva em que produtividade e saúde laboral precisam caminhar juntas. Sua fala reforçou que o setor produtivo encara o tema com cautela, mas sabe que ignorá-lo significa manter um modelo que já não responde às demandas de uma economia mais tecnológica, mais integrada e mais dependente de mão de obra qualificada e saudável.

O seminário realizado no Recife passou, portanto, a ser visto pelos participantes como um termômetro do que ainda está por vir no relatório final da Subcomissão Especial. À medida que outras regiões do país recebem eventos semelhantes, novas realidades, discrepâncias e experiências estão sendo reunidas para formar um panorama que mostre o peso real da escala 6x1 no cotidiano brasileiro. O que se desenha, desde já, é um campo de força em que pressões sociais, exigências produtivas e limites humanos colidem, forçando o Estado a encarar um dos debates mais sensíveis da atual década.

AUTORIZAÇÃO PARA TIRAR CNH SEM AUTOESCOLA MUDA REGRAS E GERA FORTE REAÇÃO EM TODO O PAÍS

Numa decisão considerada histórica para o sistema de trânsito brasileiro, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou, nesta segunda-feira (1º/12), a resolução do Ministério dos Transportes que encerra a dependência obrigatória das autoescolas no processo de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). A mudança, que entrará em vigor após publicação no Diário Oficial da União (DOU), deve transformar completamente o caminho percorrido pelos candidatos à primeira habilitação — e já provoca um intenso debate entre governo, especialistas e entidades de segurança viária.

A nova resolução elimina a exigência de aulas teóricas e práticas exclusivamente realizadas nos Centros de Formação de Condutores (CFCs), autorizando pela primeira vez que instrutores autônomos façam o treinamento dos futuros motoristas. Em um movimento de recuo, porém, o governo decidiu manter um número mínimo de horas de prática: serão necessárias pelo menos duas horas de instrução antes da prova de direção, embora sem a obrigatoriedade de que ocorram dentro das estruturas tradicionais das autoescolas.

A medida foi aprovada por unanimidade pelo Contran, presidido pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, idealizador da proposta. O Ministério afirma que a resolução representa uma modernização do processo de habilitação e que pode reduzir em até 80% o custo total para o cidadão. A expectativa do governo é que a flexibilização abra portas para milhões de brasileiros que hoje não conseguem arcar com o valor das autoescolas, considerado inflacionado e burocrático.

“O Contran aprovou por unanimidade a resolução que moderniza o processo de obtenção da CNH. A medida simplifica etapas, retira a obrigatoriedade de passar por uma autoescola para fazer a prova de direção, amplia as formas de preparação do candidato e pode reduzir em até 80% o custo total da CNH, beneficiando milhões de brasileiros”, informou o Ministério dos Transportes em nota oficial.

Mas a simplificação defendida pelo governo tem sido alvo de críticas contundentes. Especialistas em segurança viária, médicos e educadores de trânsito alertam para riscos potenciais da nova regulamentação. Para eles, a flexibilização pode comprometer a qualidade do treinamento dos novos condutores, já que o controle sobre a qualificação dos instrutores autônomos ainda não está claro e o número mínimo de aulas práticas — apenas duas horas — é considerado insuficiente para garantir habilidade e segurança ao volante.

Além disso, entidades do setor afirmam que a extinção da obrigatoriedade das autoescolas pode gerar um ambiente pouco regulado, dificultando a fiscalização da formação dos condutores. A preocupação central é que a democratização do processo não sacrifique princípios básicos de segurança, sobretudo num país que registra números elevados de acidentes de trânsito e vítimas fatais.

A oficialização da resolução deve ocorrer nos próximos dias, e os departamentos estaduais de trânsito (Detrans) terão de se adaptar ao novo formato. A transição promete ser tensa: ao mesmo tempo em que amplia oportunidades, especialmente para pessoas de baixa renda, a decisão abre uma nova frente de discussão sobre como equilibrar desburocratização, redução de custos e segurança pública nas ruas e rodovias brasileiras.

Com a mudança, o Brasil entra numa nova fase na formação de motoristas — uma fase que promete ser marcada por profundas transformações, controvérsias e a necessidade urgente de regulamentação detalhada para que o novo sistema não sacrifique vidas em nome da simplificação.

DÉBORA ALMEIDA RENOVA FÉ E REFORÇA LAÇOS COM A COMUNIDADE DURANTE CELEBRAÇÃO NO MORRO DA CONCEIÇÃO

A deputada estadual Débora Almeida dedicou a tarde desta segunda-feira a um dos rituais religiosos mais tradicionais do Recife: as celebrações no Morro da Conceição, na Zona Norte da capital. Devota de Nossa Senhora da Conceição, a parlamentar subiu ao santuário acompanhando milhares de fiéis que já começam a movimentar o local para o ciclo de homenagens à santa padroeira do Recife, cujo período festivo atrai peregrinos de todas as regiões de Pernambuco.

Ao chegar ao Morro, Débora participou da missa solene, fez suas orações pessoais e se juntou aos momentos de celebração que marcam o início das atividades religiosas. Para os devotos, a presença de lideranças políticas durante esse período reforça o reconhecimento da importância cultural e espiritual do santuário, que há décadas é ponto de encontro de gerações de recifenses.

Em meio aos cânticos, à movimentação dos moradores e ao clima de fé, a deputada destacou a relevância de manter o diálogo constante com a comunidade que vive e respira a devoção à Imaculada Conceição. Segundo ela, estar no Morro traz não apenas a experiência espiritual, mas também a oportunidade de ouvir de perto as demandas e expectativas do povo.

“Estar aqui no Morro da Conceição é sempre uma oportunidade de ouvir as pessoas, entender suas necessidades e reconhecer a força cultural e religiosa que move esta comunidade. Hoje foi um momento de agradecer e pedir proteção para todos os pernambucanos, para que possamos estar sempre conquistando melhorias em nossas vidas”, afirmou.

A presença da deputada se somou a um cenário já marcado por intensa movimentação. Barracas começam a ser montadas, famílias organizam promessas e romarias, e voluntários trabalham para receber o grande fluxo de visitantes previsto para os próximos dias. Religiosos, comerciantes e moradores ressaltam que o Morro não é apenas espaço de fé, mas também de identidade, resistência e tradições que atravessam décadas.

Com sua visita, Débora Almeida reforça sua conexão histórica com as manifestações populares e reafirma a importância do Morro da Conceição como patrimônio religioso e cultural de Pernambuco — um território onde fé, comunidade e tradição se entrelaçam e se renovam ano após ano.